O observador

Em algum lugar... Um casal de idosos. Ponto de ônibus. Abraços e sorrisos.

Observo. Penso... no que vivi e o que ainda viverei...
Gestos simples, carinhosos e delicados e mais sorrisos. As pessoas em volta olham encantadas.
Mais flashbacks do passado e futuro...

O casal conversa como se estivessem num final tarde a olhar um por do sol. Mais sorrisos e gentilezas. As pessoas em volta ficam ainda mais encantadas.

Penso. Às vezes as decisões são rápidas, sem pensar... Conseqüências... algumas conseqüências. Na próxima, farei tudo ao seu tempo.

Mais sorrisos...

Penso. Serei assim? Logo penso: Tudo ao seu tempo. Pressa pra que? Se esperar é melhor. Olho para o outro lado.

Jovens. Beijos mais calorosos. Amor? Quem sabe não é um projeto inicial daquele casal.

Penso. Eis Machado de Assis: “Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar”.
Penso. Sozinho. Pressa. Deus se esqueceu de mim? Sozinho. Por quê?

Jovens. De mãos dadas sobem ao coletivo que chega

Casal de idosos. Ainda conversam como se nada houvesse nada e ninguém em volta. A cena nostalgicamente levavam os admiradores a um ar romântico...

Penso. Não, melhor é esperar. Tudo ao seu tempo... Não, Deus não se esqueceu. É Ele agindo e não estou percebendo... Penso. Fui romântico demais? Carinhoso demais? Penso. É bobeira me julgar, não era pra ser aquela ou essa...  Penso... Penso...

O casal de idosos se levanta e pega o próximo coletivo. Se vão. As pessoas que ainda estavam ali ficam maravilhadas pelas cenas que viram e presenciaram.

Penso. Penso demais e ajo pouco. Sim será tudo ao seu tempo, mas preciso fazer por onde... Penso. E quem pode dizer aonde a estrada vai, onde o dia flui? Só o tempo...

Ela aparecerá quando menos se esperar... Quem sabe aquele casal, não seja um sinal de Deus: O que vale a pena ter, vale a pena esperar! Ele age nos mínimos detalhes.

Observo...